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sábado, abril 02, 2011

A DESCOBERTA DA ASPIRINA

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O pai do químico alemão Felix Hoffmann (1868-1946), sofria de terríveis dores reumáticas. O ácido salicílico remédio recomenda
do pelos médicos da época aliviava seu sofrimento, mas, ao mesmo tempo, causava-lhe irritações no estômago. Pensando nisso Hoffmann, que havia estudado Química na Universidade de Munique e trabalhava nos laboratórios da Bayer desde 1894, com a ajuda de seu chefe, o professor Heinrich Dreser, chegou, em 10 de outubro de 1897, à fórmula final do que viria a ser o remédio mais popular do nosso século - a aspirina.

Há 2 400 anos, o grego Hipócrates, denominado "pai da Medicina", já sugeria às mulheres uma infusão de folhas de salgueiro para aliviar as dores do parto. Na segunda metade do século XVIII, o religioso Edward Stone, andando pelos campos do interior da Inglaterra, resolveu mascar a casca da árvore, esquecida desde aquela época. Imediatamente, identificou seu gosto com o da quina, planta originária do Peru, conhecida por seus poderes "milagrosos" no combate à febre da malária. Na verdade, a casca do salgueiro não curava a malária, mas, de acordo com as experiências que Stone realizou era eficaz contra as dores do reumatismo, além de fazer baixar a febre. Ele apresentou o estudo à Real Sociedade de Londres em 1763.

A substância responsável por tais efeitos foi isolada apenas sessenta anos depois e chamada de calicina. Avançando mais alguns passos, outro cientista, o italiano Raffaele Piria (1814-1865), acrescentou o ácido ao composto.

Dessa forma, o ácido salicílico já estava bem próximo às pílulas brancas que conhecemos hoje. Faltava apenas que Hoffmann anexasse outra substância, esta composta de carbono, oxigênio e hidrogênio, o acetil, e estava inventado um medicamento que, apesar de ainda causar alguns danos ao estômago, melhorou em muito o tratamento de febres, dores e até inflamações.

Nessa época, já se podia fabricar tal composto em laboratório, sem necessidade da matéria-prima vegetal, que em pouco tempo estaria extinta, devido à grande demanda. O definitivo substituto do ácido salicílico foi apresentado à comunidade médica em 1898, durante um congresso na Alemanha. Pouco tempo se passou até que a aspirina fosse comercializada, primeiro em pó, depois em pequenos comprimidos. A aceitação foi imediata.

Aliviar dores, principalmente de cabeça, parece ser, por enquanto, seu maior mérito. Registrada em mais de setenta países, a aspirina passou a ser, em alguns lugares, sinônimo do ácido de Hoffmann. No Brasil, porém, o nome pertence à Bayer. Segundo suas pesquisas, o país consome 1 bilhão de comprimidos de AAS ao ano – a média é de 7por pessoa, um número ainda baixo se comparado à Europa, 20 comprimidos, aos Estados Unidos, 30, ou à Argentina, campeã em consumo, 40 unidades por pessoa ao ano.

Novas indicações, que começaram a ser investigadas bem recentemente, fazem da aspirina um remédio polivalente. Estudos realizados em universidades americanas e inglesas confirmam que um comprimido de aspirina a cada dois ou três dias pode diminuir o risco de infarto, a doença que mais mata em países desenvolvidos.

Como alguns tipos de infarto são devidos ao entupimento das artérias por uma espécie de coágulo, a aspirina age impedindo o processo. Segundo o professor Sérgio Henrique Ferreira, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, a eficácia do AAS foi comprovada em casos de reinfarto, já que pacientes que sofreram algum ataque cardíaco são mais facilmente observáveis e são os que estão mais sujeitos ao risco dos coágulos. No entanto, para prevenir o ataque primário, ainda "devem-se fazer estudos aprimorados".










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