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segunda-feira, dezembro 26, 2011

LIBERDADE E SENTIDO

=TEMA-EDUCAÇÃO







===========================Rede de Divulgação


Dois fatos parecem converter a busca pela liberdade numa tarefa vã. O primeiro é a morte. Por mais livre que um homem chegue a ser, por maior que seja o autodomínio alcançado pelo desenvolvimento das suas potencialidades, se a morte acaba com tudo, tudo estará perdido no momento da morte.
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Nesse aspecto, a honestidade intelectual me obriga a reconhecer que o existencialismo contribuiu para a superação do mundo da utilidade imediata, ainda que Sartre e Heidegger negassem a possibilidade da transcendência divina e de sentido da existência.
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O segundo fato é que a plena auto-realização pode apresentar-se como meta inacessível. Parece que o homem está destinado à frustração de n
ão se realizar nem de chegar a satisfazer plenamente as suas necessidades. Destinado a nunca alcançar a liberdade absoluta, sobretudo se a liberdade é vista, equivocadamente, como sinônimo de “necessitar”, pois, por muito que possua, sempre necessitará de mais. Ora, um homem consciente de desejos não satisfeitos não se sente completamente livre.
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O desejo humano de praze
r ou de bens materiais talvez possa ser saciado. Mas o próprio fato – incontroverso - de se poder chegar a sentir náusea do prazer ou tédio dos bens de consumo é sinal certo de que a auto-realização humana não se caminha nessa linha.
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Contudo, muito pelo contrário, a morte e a saciedade material são dad
os empíricos que fomentam a conquista da liberdade, desde que vistos sob a ótica do instinto de eternidade do homem. Sim, o homem tem uma outra dimensão: a verticalidade.
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As apatias e indolências das pessoas com que convivemos nos dizem isso todo dia: cansei de namorar todo dia uma mulher diferente, cansei de beber até cair, cansei de viver no ócio, cansei de perder, agora vai ser diferente... No fundo, estão a exclamar: agora, quero ser eterno...

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Ausente este instinto da vida humana, não restaria muito para o homem. O nascimento consistiria em receber um assento no cartório de registro civil, com espaço para a averbação da morte, dali a setenta ou oitenta anos. O número de anos não modificaria a índole fatal do ocaso. E, quando alguém nos perguntasse a respeito do sentido da vida, só haveria uma resposta certa: a morte.
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Os pensadores existencialistas acima citados não só admitiram essa realidade, como a escancararam de uma forma trágica, precisamente porque não conseguiram alcançar seu sentido. No homem, existe um instinto de eternidade, que, no campo intelectual, não tem o status que merecia, ao contrário do instinto de conservação, incontroverso.

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O instinto de eternidade seria o reverso da medalha do instinto de conservação e, na realidade, mais entranhado que este, porque o instinto de conservação visa a algo negativo e transitório – não morrer – enquanto o outro busca algo positivo e permanente – viver para sempre.
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Por isso, é preocupante o fato de a filosofia contemporânea gastar sua energia em somente equacionar problemas superficiais do homem, almejando uma vida mais pragmática, amena, light, sem nunca abordar o dilema fundamental do homem: o sentido de sua existência, que lança suas águas, inevitavelmente, no instinto de eternidade.
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O silêncio a respeito do tema é propositado: a fuga do sentido “trágico” da existência. Isso tornaria o dia-a-dia mais “fácil” para o homem. Evidente que a justificativa repousa numa v
isão pessimista da vida. Todavia, a inércia a respeito só adia o momento de resolução do dilema existencial que cada homem, mais cedo ou mais tarde, enfrentará.
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A cultura em que vivemos, forjada dos restos de um racionalismo superado que equipara religiosidade à superstição, age como uma barragem e repre
sa as inquietações voltadas para o transcendente, recalca o instinto de eternidade e os anseios religiosos do homem.
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Não raro, provoca situações psicopatológicas, que vão desde depressão, passam pela dependência química e culminam na agressividade incontrolada. Em grau menor, a castração do instinto de eternidade provoca o apelo ao álcool, às desordens se
xuais e ao consumismo desenfreado.
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Em tais casos, o homem, que sente falido tal instinto, procura um refúgio nesses momentos de euforia hormonal para consolar, com uma alegria fisiológica e passageira, a voz daquele instinto que grita dentro de nós em estado de angústia: “Cansei de ser moderno, agora quero ser eterno”, poetizava Carlos Drumonnd de Andrade. E acrescento: “E livre. Para sempre”.
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André Gonçalves Fernandes, nascido em 1974, é Juiz de Direito da 2ª Vara Cível e de Família da Comarca de Sumaré/SP. Graduado, no ensino fundamental e médio, pelo Colégio Visconde de Porto Seguro em 1991. Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em 1996. Atua como magistrado desde 1997. Articulista do Correio Popular de Campinas e da Escola Paulista da Magistratura desde 2002. É membro da Comissão de Bioética da Arquidiocese de Campinas/SP desde 2008 e professor do Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS) desde 2011. Fala inglês, francês, italiano e alemão. Casado e pai de 4 filhos. É torcedor do São Paulo Futebol Clube.










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Juiz de Direito - André G. Fernandes