A sua ordenação
foi um ato de singular importância. No Conselho da Igreja local, ou numa
Reunião do Presbitério, ou num culto público, você respondeu solenemente
algumas perguntas, diante de Deus, das autoridades instituídas por Ele, tendo
parte da Igreja de Cristo como testemunha. Após ter se comprometido com um
claro e audível SIM, você se ajoelhou, num ato de submissão, e demonstrando
verbalmente aceitação e compromisso confessional, foram impostas mãos sobre a
sua cabeça para a ordenação como um oficial da IPB!
Alguns dias
depois você começa em suas conversações a desdizer o que declarou publicamente.
Os seus sermões, estudos, e simples conversas informais levantam discordância
da identidade confessional da IPB. Apresenta-se mais "aberto", mais
tolerante, e fala num tom mais inteligente e atraente do que os tradicionais, a
quem se refere como obscurantistas e frios! Critica o crescimento da igreja
local e da IPB, questiona a rigidez da teologia, bem como o desprezo gratuito
pelo neopentecostalismo, e começa a afirmar que precisamos de sermos mais
práticos, mais piedosos, mais fervorosos, entretanto, o seu discurso não é em
direção da verdadeira piedade e sim para uma mudança de paradigma. A liderança
adota nova linguagem: vivemos para relacionamentos e para uma nova visão!
Assim, se investe em estrutura, marketing, slogans, expressões afetivas e menos
conteúdo doutrinário, menos profundidade bíblica.
Em seguida,
você fala abertamente de suas discordâncias doutrinárias. Por exemplo, afirma
ser a favor da contemporaneidade dos dons revelacionais! Dá oportunidade para
que os irmãos "manifestem" estes dons [línguas e profecias] casos os
tenham ou queiram buscá-los! E que não tenham medo do presbitério, afinal, eles
têm a chancela do pastor e dos presbíteros. Toda experiência espiritual é
válida e deve ser buscada ...
O culto passa a
ser mais musical, menos pregação, mais oportunidade aos irmãos, mais experiência
e menos Escritura. O emocionalismo toma conta! O fervor emocional, sincero
acima de tudo, domina o ambiente e faz com que as pessoas comecem a manifestar
as suas experiências "com o Espírito". A partir daí algumas caem,
outras choram, pulam, ou andam de um lado para o outro, e outros ficam
assustados por não saberem discernir o que está acontecendo. Então o pastor
declara, ratificando o momento, que tudo é obra do Espírito Santo. Duvidar é
pecar contra Ele, é correr o risco de blasfemar! E, quem é que vai questionar?
A identidade
confessional acabou. Acabou a ordem, acabou a centralidade da Escritura, findou
a ordem e decência do culto, esgotou a vergonha de mentir, não existe mais
qualquer compromisso com os juramentos feitos no dia da ordenação! A santidade
divorciou-se da ética. Manter a palavra do juramento solene é algo
completamente ignorado, senão intencionalmente desprezado. Nesta altura o
"seja o seu ‘sim’, ‘sim’, e o seu ‘não’, ‘não’" (Mateus 5:37) é
esquecido. A desonestidade causa amnésia ética confessional.
Tudo virou uma
mentira. Você é um oficial presbiteriano, quer seja pastor, presbítero ou
diácono, mas na realidade, intencionalmente ignora, despreza, ou ridiculariza a
identidade confessional da IPB. Tudo o que você herdou é substituído por
modelos do pentecostalismo. Todo seu treinamento teológico é cambiado por
livretos, doutrinas e materiais que afrontam as decisões do Supremo Concílio da
IPB, bem como os Padrões de Fé de Westminster.
Por isso,
desejo apenas lembrar as perguntas que algum tempo foram questionadas em sua
ordenação:
Perguntas
constitucionais de ordenação
1º. Vocês
confessam crer que as Escrituras do Velho e Novo Testamento são a Palavra de
Deus, e que esta palavra é a única regra infalível de fé e prática?
2º. Vocês
recebem e adotam a Confissão de Fé e os Catecismos desta Igreja como fiel
exposição do sistema de doutrina ensinado nas Santas Escrituras?
3º. Vocês
sustentam e aprovam o Governo e a Disciplina da Igreja Presbiteriana do Brasil?
4º. Vocês
aceitam o ofício [presbíteros regentes e diáconos] desta Igreja, e prometem
desempenhar fielmente todos os deveres deste cargo?
5º. Prometem,
ainda, procurar manter e promover a paz, a unidade, a edificação e a pureza da
Igreja?
A Escritura Sagrada
adverte: "não mintam uns aos outros, visto que vocês já se despiram do
velho homem com suas práticas e se revestiram do novo, o qual está sendo
renovado em conhecimento, à imagem do seu Criador." (Colossenses 3:9-10)
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