Toda vez que falamos ou ouvimos falar sobre educação, geralmente temos a tendência de reduzi-la a um período, que normalmente fica situado entre os anos de estudo vividos por uma determinada pessoa.
Com isso, fica claro que nossa intenção é sempre relacionar educação com
estudo. Porém, seria esta uma interpretação correta, com um significado todo
próprio e lógico? Ou não estaria ocorrendo uma tentativa de transformar todo um
processo natural e gradual, num simples limite específico (espaço físico), que
poderíamos denominar sala de aula? Sabemos que os estudos acadêmicos fazem
parte do processo de educação do ser humano.
No entanto, é equivocado afirmar e limitar educação à etapa de estudo. Além do que, educação é muito mais do que um período, que uma etapa, que uma tarefa, ou ainda que uma fase. Educação o processo em que o humano vai buscando trilhar o caminho do amadurecimento integral. Este processo não é momentâneo ou passageiro, mas sim uma dinâmica que precisa ser buscada e vivida durante toda a existência.
Esta interpretação parece, em primeira instância, um tanto superficial,
sem muito fundamento. Enfim, com um significado distante e irreal daquilo que é
"normal" escutarmos cotidianamente. Destarte, precisamos deixar de
lado a intenção de querer sempre simplificar concepções, para que as mesmas se
tornem mais acessíveis à nossa compreensão. É justamente por isso que, muitas
vezes, não damos tanto valor às coisas importantes, neste caso, à educação,
contribuindo assim, para que a mesma vá perdendo seu brilho e seu valor
originário. Não podemos deixar que todo um processo existencial do ser humano
se encaixe dentro de uma concepção simplista que formulamos. Educação é passar
de uma mentalidade ou de um senso comum a uma consciência.
Significa sair de uma concepção fragmentária, incoerente, desarticulada,
implícita, degradada, mecânica, passiva e simplista, para assumir uma concepção
unitária, coerente, articulada, explícita, original, intencional, ativa e
cultivada. De tudo o que foi dito, conclui-se que a passagem do senso comum à
uma consciência é condição necessária para situar a educação dentro de seu
significado primordial. Preocupar-se com a elevação do nível de consciência de
todo um povo, de toda uma nação, é reconhecer na educação o sentido e o valor
de nossa existência.
A filosofia da "práxis" (costumes) não quer maternos na
consciência primitiva do senso comum, mas busca, ao contrário, conduzir-nos a
uma concepção de vida superior. Da mesma forma, deveria nossa consciência ser
trabalhada para que o sentido da educação fosse sempre mantido, ou melhor,
visto como a essência que move nossa consciência. A educação nos vem de três
princípios básicos: a natureza, o homem, e as coisas. Assim, o desenvolvimento
interno de nossas faculdades e de nossos órgãos é a educação da natureza; o uso
que nos ensinam a fazer desse desenvolvimento é a educação dos homens; e a
adquirida dos objetos que nos impressionam, por experiência própria, é a
educação das coisas.
Por isso, educação não é somente uma atividade é, acima de tudo, a
construção de um saber que ultrapassa o sentido escolar e se torna uma
construção permanente na vida do ser humano.
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