Por
mais pagã que tenha se tornado a festa do Natal, há um traço nesta data que
teima em subsistir: o traço da inocência infantil. Este Natal foi realmente
diferente, pois fomos presenteados com uma menina que, como todo bebê, irradia
uma inocência realmente luminosa e inunda o coração de uma esperança poderosa.
Se este traço subsiste, é justamente porque a inocência é um antídoto poderoso
contra a falta de esperança, mal crônico desse nosso tempo que corre. A
esperança lança o espírito para além do temporal e da matéria e, junto com a
fé, anima-nos a prosseguir no caminho certo, mesmo que muitas vezes cansados.
Mas, como há dois mil anos, os inimigos da inocência estão à espreita e, como Herodes, querem a todo custo lançar à fogueira tudo o que é inocente e puro. Uma festa reconhecida como de paz, inclusive por muitos não cristãos, tendo capazes de fazer um humor fino e elegante, produzem espasmos intestinais em sorna-se motivo de escárnio para os bobos da corte herodiana moderna. Estes, não série, cujo resultado só poderia desembocar mesmo no tal "Porta dos Fundos", para a loucura e o deleite de muitos, ávidos por um mergulho cada vez mais sem graça no mar de lama em que vai se transformando a humor da pátria brasileira.
As
enquetes do grupo, celebradíssimo pela classe politicamente correta que tomou
de assalto este país, todavia, levam-nos a intuir algumas conclusões. A mais
marcante envolve certo grau de idiotice.
O idiota é aquele que olha apenas para si mesmo, para as suas necessidades mais
imediatas e básicas, sem se importar com nada ao seu redor. Em resumo: ele é a
antítese do homem civilizado. Ortega y Gasset diz que, para essas criaturas,
tudo é selva e tudo está em seu estado natural. Tomando a liberdade como
exemplo, da qual esse grupo de “porteiros de quintal” tripudiou em seu
"especial de natal", não se trata bem conquistado por uma geração de
pessoas, mas arduamente reconquistado por cada geração na medida em que seu
viés libertário foi ganhando maior espaço.
Quando
tal viés ganha as dimensões de uma patologia nacional, estamos dinamitando toda
a escala de valores na qual se assenta uma sociedade verdadeiramente livre e,
ao invés de termos mais liberdade, teremos a lei do mais forte, do mais cínico
e descarado, enquanto a maioria da população - se não piedosa ela mesma, ao
menos respeitadora da religiosidade alheia - vai sendo acuada por um humor de
nível rasteiro, cujos protagonistas vangloriam-se de vender (e caro) um produto
de baixa qualidade. Ao menos, o rótulo desse produto é coerente com a nulidade
criativa que o caracteriza...
Num
ou noutro caso, nosso olhar mais calibrado acaba por despertar o humor
reprimido que há em nós. Sempre ouvi muitas piadas em funerais e em casamentos.
Mas as melhores sempre foram as mais inteligentes, porque imbuídas de certa
proporção: sem apelação e com respeito à essência do fato que virou piada. Em
suma, foram piadas que entraram pela “porta da frente” de meus tímpanos...
Convém ao homem civilizado, que
ainda tem a cabeça mais em cima e não mais embaixo, o dever de reagir.
Recorrendo, em primeiro lugar, à ordem da justiça e, depois, esperando não
estar muito atrasado, pois, neste caso, não tardará o dia em que teremos de
oferecer a outra face em sinal de desafio e não mais como um símbolo de
mansidão. Se, por um lado, é um tanto ridículo manter-se sério diante de todo
bom humor, por outro, mais ridículo ainda é mostrar-se monotonamente orgulhoso
de um “humor mais do mesmo” que, numa espécie de homenagem que o vício presta à
virtude, entra, por mais que eles “pensem” muito e esforcem-se “criativamente”,
invariavelmente, pela “porta dos fundos”.
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André Gonçalves Fernandes é
bacharel mestre em Direito pela
Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (USP). Atualmente é juiz de
direito titular de entrância final e professor do CEU-IICS Escola de Direito.
Membro da Escola do Pensamento do Instituto de Formação e Educação (IFE - www.ife.br
Coordenador do IFE-Campinas). É pós-graduando em Filosofia e História da
Educação pela UNICAMP e pesquisador do grupo Paideia, na linha de ética,
política e educação (FE/UNICAMP). Articulista da Escola Paulista da
Magistratura e do Correio Popular de Campinas, com especialidade na área de
Filosofia do Direito, De ontologia Jurídica, Estado e Sociedade. Tem
experiência profissional na área de Direito, com especialidade em Direito
Civil, Direito de Família, De ontologia Jurídica, Filosofia do Direito e
Hermenêutica Jurídica. Membro do Comitê Científico do CCFT Working Group
(Diálogos entre Cultura, Ciência, Filosofia e Teologia). Comissão de Bioética da Arquidiocese de Campinas.
Detentor de vários prêmios em concursos de monografias jurídicas. Autor de
livros publicados no Brasil e no Exterior e de artigos científicos em revistas
especializadas.
Holdings – Tel Aviv – Jafra –
Israel
O Blog “A Serviço do Senhor”
Dc. Rilvan Stutz “ O Servo com
Cristo”
Membro do Portal
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Instituto de Pesquisas
Arqueológicas (Membro)- Israel
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