O tema do amor cristão me parece um desafio em dois andares. No andar de cima encontro o ensinamento de Jesus e de seus apóstolos, inspiradores e desafiadores. Nesse âmbito, ouço Jesus dizer que seremos reconhecidos como seus discípulos se tivermos amor uns pelos outros; ouço Paulo orar por nós, para que, pela fé, tenhamos raízes e alicerces no amor, ou então João, a dizer que aquele que não ama não sabe nada de Deus. No andar de baixo encontro o desafio da prática desse mandamento de Jesus, acrescido do entendimento apostólico de que fazer discípulos significa também ensinar a amar (Mt 28.19).
O discípulo de Cristo precisa
conhecer o que seu mestre espera dele. Para isso, observa suas palavras e
atitudes; considera o que seus apóstolos ensinaram a respeito e como eles
mesmos vivenciaram esse ensino e exemplo. Por outro lado, o “discípulo do amor”
precisa manifestar em sua vida comunitária esse sinal, essa marca da nova vida
que recebeu do Espírito Santo.
Eis o desafio dialético: precisamos
aprender e ensinar a amar — nos dois andares! Não basta abrir a Bíblia e
aprender sobre o amor. Esse ensino fica incompleto. É preciso coerência com o
térreo; com a “ortopraxia”: a prática correta; uma escada ligando os dois
andares. Surge, assim, a questão inevitável: como se aprende a amar? Minha
resposta: pelo andar de cima, obedecendo; ou seja, sem considerar emoções
(gostar ou não), amando: abençoando, fazendo o bem, permitindo o bem, ensejando
o bem a amigos e a inimigos. Já, pelo andar de baixo, aprende-se a amar sendo
amado.
Sim, uma dimensão passiva dessa
pedagogia divina. E é aqui, me parece, que a experiência do amor de Cristo
“excede todo entendimento”. É onde aprendo sobre graça e afeto; sobre a
segurança que o amor de Deus traz; sobre a incrível sensação de ser amado,
apesar de ser conhecido como realmente sou. Ai, que conflito! Meu maior sonho é
ao mesmo tempo meu maior temor: ser conhecido.
Na transparência (que advém da
proximidade e que permite a comunhão) posso encontrar descanso e paz. Mas posso
encontrar, também, rejeição. O temor é que, quando descobrirem meus defeitos,
passem a me odiar. Mas é aqui que João nos exorta a que pela fé vençamos nossos
medos e aprendamos, com sabedoria e oração, a “andar na luz”. E as palavras que
ele usa para “luz” são: verdade, confissão, perdão e purificação —
Transparência? Confessar tudo? Na minha igreja?
Botam-me na rua! Talvez nos falte um pouco do andar de baixo.
Procuram-se “mestres do amor”: gente
que aprendeu a amar porque foi muito amada — apesar do seu pecado.
Incondicionalmente, portanto. Oferecem-se “discípulos do amor”: gente
desconfiada, que não crê mais nisso — mas que está disposta a tentar uma última
vez.
Holdings – Tel Aviv – Jafra – Israel
O Blog – “ A Serviço do Senhor “
Diác. Rilvan Stutz “ O Servo com Cristo “
Adaptado (Rubem Amorese)
Diác. Rilvan Stutz “ O Servo com Cristo “
Adaptado (Rubem Amorese)
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