A amidalite é a inflamação das amídalas, ou seja, das estruturas localizadas na parte posterior da garganta, que têm a função de proteger o corpo, produzindo anticorpos e impedindo que infecções na cavidade oral e nas regiões vizinhas se alastrem por todo o organismo.
Justamente por
funcionarem como uma barreira, essas estruturas são muito suscetíveis a
processos infecciosos. Quando isso ocorre, as amídalas se inflamam, ficam inchadas,
doloridas e dificultam a passagem dos alimentos para o aparelho digestivo.
Estima-se que ocorram 10
milhões de casos de amidalite a cada ano no Brasil. Apesar de ser um problema
corriqueiro na infância, a amidalite não pode prescindir de um bom diagnóstico
e de um tratamento adequado. Isso porque uma infecção bacteriana
inadequadamente tratada pode evoluir para febre reumática, com consequentes
complicações cardíacas no futuro, ou mesmo ser precursora de uma doença renal,
a nefrite.
A inflamação cursa com
febre, calafrios, dor de garganta, falta de apetite, mau-hálito, dificuldade
para engolir e, às vezes, inchaço dos gânglios do pescoço e da mandíbula,
muitas vezes de modo bem semelhante a uma virose, como a mononucleose. Nos
quadros causados por bactérias, costuma haver acúmulo de pus nas amídalas. Nos
bebês, além da febre, o único sinal evidente muitas vezes é a recusa à
alimentação.
As amidalites são
causadas principalmente por vírus e bactérias, mas podem ocorrer processos
mistos e, às vezes, associações com fungos. Os vírus estão implicados com cerca
de 50% a 70% das inflamações, especialmente os que causam também gripes e
resfriados, como o adenovírus.
Entre as bactérias, os
principais agentes envolvidos são os estafilococos e o estreptococo, que também
provoca escarlatina e está associado à evolução da doença para febre reumática.
Esses microrganismos costumam ser transmitidos de uma pessoa para outra,
através da tosse, espirro e contaminação das mãos e objetos por secreções
respiratórias.
Alguns fatores como
mudanças bruscas de temperatura, convivência com fumantes, exposição continuada
ao ar condicionado e, sobretudo, situações de queda na imunidade podem
predispor o indivíduo à desenvolver uma amidalite. O refluxo gastroesofágico, igualmente,
é uma causa importante de amidalites de repetição. O retorno do conteúdo ácido
do estômago para o esôfago atinge a laringe, altera suas características e as
bactérias naturalmente presentes na região se aproveitam da situação para
proliferar.
O diagnóstico é clínico
e depende basicamente da história do paciente e do exame da garganta. Em geral,
a infecção viral atinge mais a orofaringe e a faringe, com comprometimento
maior dos gânglios. Já a bacteriana se caracteriza pelo aumento acentuado das
amídalas, frequentemente com a presença de placas de pus.
Na dúvida, alguns exames
podem ser necessários, como o teste rápido para a pesquisa do estreptococo na
secreção da garganta e mesmo a cultura, na qual o material biológico colhido é
posto em meios próprios para o desenvolvimento de bactérias.
As amidalites virais
são tratadas apenas com analgésicos e anti inflamatórios, mas as bacterianas não
prescindem de antibióticos, em geral derivados da penicilina, como a penicilina
benza tina e a amoxicilina. Qualquer que seja a opção de anti microbiano, a
administração do medicamento não pode ser interrompida com a melhora dos
sintomas, pois existe o risco de a bactéria permanecer no organismo e dar
origem a complicações importantes, como a febre reumática.
Durante episódio de
amidalite, a alimentação deve ser baseada em alimentos mornos, líquidos e
macios para facilitar a deglutição. A ausência de resposta ao tratamento de uma
amidalite com características virais indica um possível envolvimento bacteriano.
Por isso, muitas vezes os médicos começam a terapêutica com um anti inflamatório
e, na persistência da febre de um a dois dias depois, prescrevem um
antibiótico. A remoção cirúrgica das amídalas, utilizada de forma
indiscriminada há algumas décadas, está indicada apenas quando a pessoa
apresenta amidalites bacterianas complicadas ou que se repetem várias vezes em
um mesmo ano.
Pode ser realmente
difícil evitar a aquisição de microrganismos causadores de infecções das vias
respiratórias, especialmente nas crianças em idade escolar, mas alguns cuidados
ajudam a reduzir o risco de adquirir amidalites, como observar bem os hábitos
de higiene, lavando sempre muito bem as mãos e o rosto ao chegar em casa e
antes das refeições, além de evitar ambientes com ar condicionado, ficar longe
do cigarro e ingerir muito líquido para manter as mucosas da boca, do nariz e
da garganta sempre bem hidratadas – quanto mais secas e irritadas, mais
predispostas à ação dos microrganismos.
Na presença de
amidalites de repetição, é importante afastar a hipótese de refluxo
gastroesofágico com um especialista. Por fim, em qualquer situação, é
fundamental evitar a automedicação com anti inflamatórios e antibióticos, que,
se incorretamente usados, podem dificultar o tratamento e agravar o quadro. A
combinação de dor de garganta com febre sempre pede consulta médica, em
qualquer idade.
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