EDUCAÇÃO
Com
o movimento feminista, cuja proposta, muitas vezes, resume-se na mimetização
daquilo que corresponde ao pior que a conduta do macho da espécie pode oferecer
às relações sociais, muitas características femininas foram alteradas e, de
certa forma, não condicionaram, mas, pelo menos, contribuíram para a ausência
do pai no lar.
Um
ícone feminino de ampla aceitação na sociedade atual é o da realização pessoal
sem filhos. E, no máximo, um. A concepção é vista como um fato contrário à
liberdade sexual e que se opõe, logo, à própria felicidade: é pílula
anticoncepcional, preservativo, pílula do dia seguinte e, se precisar, o tal
aborto “preventivo”.
Muitas
vezes, à revelia da própria gestante, “para acabar com o problema”, aproveita-se
o mesmo bisturi que deu a luz a uma criança para esterilizar a mãe que a
concebeu. Ou, em casos, mais mórbidos, depois do aborto, esteriliza-se de uma
vez. Assim, não há mais risco de outro aborto...
O
critério de realização pessoal da mulher – a maternidade – transformou-se, para
a mulher contemporânea, em estorvo, motivo pelo qual os métodos contraceptivos
surgiram como “solução” para contornar o “fardo” de ser mãe. Separou-se a
atividade sexual da possibilidade de gravidez.
Isso
faz me lembrar de Nelson Rodrigues: “Acredito que a maior tragédia do homem
tenha ocorrido quando ele separou o amor do sexo. A partir de então, o ser
humano passou a fazer muito sexo e nenhum amor. Não passamos do desejo, eis a
verdade. Todo desejo, como tal, se frustra com a posse. A única coisa que dura
além da vida e da morte é o amor".
Eis
a linguagem do “amor feminista”. E a liberação sexual atual, ao contrário das
previsões feministas, não gerou os efeitos anunciados há quatro décadas. Se a
“libertação do jugo da sexualidade reprimida por estar subordinada à
procriação” era a condição necessária para sua felicidade, hoje, o que vejo,
nos relatórios psicossociais dos processos de guarda de crianças, são mães
incapazes de assumir essa função, porque sofrem de ansiedade, depressão e
neurose.
Ao
dispor de vários métodos contraceptivos, é a mulher quem decide – tão
equivocado quanto antigamente, só que pelo marido – se quer ter ou não um
filho. O poder de decisão – que sempre deveria ser conjugal – deixou o homem e
migrou para a mulher, podendo, agora, privar da paternidade o marido que deseja
ser pai, mas podendo, a qualquer momento, optar por ser mãe independentemente
da vontade do marido.
Ela
passou a ter o domínio exclusivo não só de sua fecundidade, mas, também, da
paternidade, gerando um desequilíbrio de forças. Esse monopólio da procriação
afeta diretamente a masculinidade, porque cria duas cisões: em sua unidade
pessoal, entre seu querer e seu potencial procriativo, e em sua função
específica na relação sexual, onde uns componentes são selecionados (a
biomecânica do sexo) e outros rejeitados (a psicologia do sexo).
Como
consequência, sem perceber, a mulher toma do marido as funções que, como pai,
deveria desempenhar. Se ele já se vê dividido em sua masculinidade antes da
eventual paternidade, há o risco dessa divisão aumentar depois, porque, como vi
em muitos relatórios psicossociais, a educação do filho acaba por resultar em
atribuição exclusiva da mãe, pois o pai, que não participou da decisão de se
ter um filho, vê-se pouco encorajado a auxiliá-la naquela tarefa. Não
justifica, mas explica o que aqui pretendo: sua ausência.
Essa
carência vai tomando uma proporção tal que o pai já não se preocupa sequer em
pensar seus deveres, fazer prevalecer a autoridade de que foi revestido e mesmo
exercer suas responsabilidades. E culposamente, porque, apesar dos efeitos
nefastos do ícone feminista, o pai, mesmo assim, não deve abdicar de uma função
que lhe compete por natureza.
A
crescente indiferença paterna gera efeitos muito concretos nos filhos.
Primeiro, desinteressam-se pelo pai ausente e, mais tarde, na adolescência,
rechaçam-no para, na maturidade, condená-los ao esquecimento. Assim, a
“despedida” imotivada do pai é sucedida, paulatinamente, pela “despedida” motivada
dos filhos. Com respeito à divergência, é o que penso.
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