Há um problema sério quando uma igreja
dita cristã se esquece dos seus valores mais profundos em prol da busca
incessante de bens terrenos. Vemos mega templos sendo erguidos, líderes
enriquecendo, irmãos que pensam em riquezas como resultado direto de sua
fidelidade, tudo isto em detrimento do que realmente vale à pena. A parábola do
bom samaritano deveria ser a regra, não a exceção.
Será que o Senhor não se alegraria muito
mais se, ao invés de mega templos, tivessem uma igreja mais acolhedora com os
necessitados? Que os riquíssimos pastores fossem menos ricos e mais preocupados
em ser voz profética para denunciar a apartheid social e racial que vivemos? O
que agradaria mais a Deus? Estamos investindo nossos recursos no lugar errado,
isto para mim é fato. Precisamos de uma igreja “boa samaritana”, não uma igreja
“laodiceiana”.
Incorporamos o culto à personalidade
como uma de nossas práticas mais comuns. Cultua-se veladamente o missionário
fulano, o bispo cicrano ou o apóstolo beltrano. Temos igrejas e denominações
inteiras com “donos” aos quais se deve obediência cega como porta-voz de Deus,
enxergar-lhes os desmandos é o mesmo que se levantar contra o próprio Senhor. O
versículo “não toqueis em meus ungidos” é repetido interminavelmente, como um
escudo e uma ameaça, enquanto as orientações de Paulo quando diz que “É
necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível” e que “Também é necessário
que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em opróbrio,
e no laço do Diabo” são totalmente ignoradas.
Continuamos mais conservadores que o
restante da sociedade em relação aos usos e costumes, como se isto
caracterizasse uma igreja cristã. Mas o que deveria caracterizar uma igreja
cristã é o amor entre seus membros, sua capacidade de servir a todos e sua a
voz profética para combater toda a injustiça. Não adianta defender a virgindade
e fechar os olhos para os mendigos que muitas vezes estão às portas dos templos
sendo gentilmente “convidados” pelos zelosos diáconos a manterem distância.
Perdemos muito mais tempo debatendo se a masturbação é ou não pecado e
dedicamos infinitamente menos esforço conclamando nossos irmãos a saírem da
letargia e ajudar os necessitados. Temos muito mais crentes criticando o
homossexualismo do que envolvidos em servir os que nada possuem. Isto é
inversão de valores e é por isso que vemos outros grupos se apropriarem de
maneira muito mais positiva dos ensinos de Jesus do que nós que nos dizemos
seus seguidores e defensores do seu legado.
Lembremo-nos que quando Jesus chamou os
“benditos do Pai” no capítulo 25 de Mateus, ele não se referiu ao tamanho dos
templos, ou à riqueza dos líderes, ou à prosperidade dos servos, nem aos
milagres, nem às maravilhas, nem mesmo à santidade sexual, mas falou de coisas
prosaicas como alimentar o faminto, vestir o nu, e abrigar os que não têm
lugar.
Não estou advogando a pornografia, nem
a prostituição, nem nenhuma outra conduta. Apenas digo que estamos investindo
esforços demais em certos aspectos e negligenciando o que realmente faz a
diferença entre santo e profano.
Sinceramente, a despeito de todo este
crescimento que temos experimentado, eu temo pelo nosso futuro. Minha esperança
está em poder motivar mais e mais pessoas a viver um cristianismo verdadeiro,
um cristianismo sem pedras nas mãos, um cristianismo em que apenas o Espírito
Santo trabalhe para convencer os homens e reconciliá-los com Deus. A nós
crentes cabe apenas manter nosso testemunho, e o testemunho que Deus quer não
são palavras vãs, nem versículos vomitados, nem mesmo prosperidade. O
testemunho que podemos dar é tirar a trave dos nossos olhos e vermos o outro
com misericórdia e amor.
Holdings - Tel Aviv - Jafra - Israel
O Blog - " A Serviço do Senhor "
Diác. Rilvan Stutz " O Servo com Cristo "
Pr. Denilson Torres - Fruto do Espírito
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seja bem vindo, obrigado e volte mais vezes...