A mim me dá pena e preocupação quando convivo com famílias que experimentam a “tirania da liberdade” em que as crianças podem tudo: gritam, riscam as paredes, ameaçam as visitas em face da autoridade complacente dos pais que se pensam ainda campeões da liberdade. Há poucos dias li um artigo o qual afirmava que: “educar um filho nos dias de hoje é uma tarefa de Hércules”.
De fato, a educação do jovem no século XXI tem se tornado cada vez mais complexa. Parece que os filhos não podem ser frustrados, não sabem esperar, não se sentem realizados ou estão sempre insatisfeitos. Alguns creditam esse fato à ausência de modelos e referenciais educacionais; outros dizem justamente o contrári o: estes são tantos que deixam os pais meio desnorteados.
Mas pelo menos uma coisa é unanimidade: O jovem necessita, acima de tudo, de limites. Precisa entender os seus direitos e os seus deveres e compreender até onde estes chegam. Mas como alcançar essa tal geração tão politizada? Particularmente acredito que a educação pela e para a afetividade já é um bom começo e somente com uma boa educação familiar e escolar é possível alcançar tal objetivo.
E nos tempos atuais, é mais importante a qualidade do afeto que a quantidade de tempo disponível aos filhos. As duas partes (escola e família) devem ajudar os jovens a se construir como pessoas, não só no que aprendem, mas na maneira como agem. Inicialmente, cabe aos pais e responsáveis zelar pela condução de princípios básicos. É no seio familiar que são construídos o primeiros conceito de respeito ao próximo, ética, cidadania, solidariedade, respeito ao meio ambiente e auto-estima, os quais levarão as crianças a serem adultos tranqüilos, carinhosos, flexíveis; adultos que sabem resolver problemas e são abertos ao diálogo e às mudanças do mundo.
Para que se preserve a harmonia de uma vida em sociedade, é importante uma noção clara de princípios morais e sociais. É imprescindível que os pais saibam promover a reflexão sobre a ética da convivência e fundamentalmente sobre o outro, considerando-o parte de um mesmo universo e dotado de sentimentos. Isso se aprende no dia-a-dia, nas conversas do cotidiano, à medida que as coisas acontecem, ou nem é preciso oportunidade, esta também pode ser criada desde que a finalidade seja educar.
Educar também significa dizer “não” e geralmente este vem seguido do “por quê ?” dos filhos e não devemos negligenciá-lo, eles têm direito a uma resposta. Ratifico que dizer “não” e ensinar limites não significa tirar a liberdade. Quanto mais cedo, os pais colocarem limites com afetividade e com firmeza de propósitos, menos problemas terão na puberdade e na adolescência, fase na qual os filhos costumam questionar e transgredir as imposições. Para compreendermos melhor como utilizar os ingredientes dessa “receita”, antes de tudo precisamos aprender a distinguir o limiar entre: Disciplina x Castigo: Castigo: não educa, estimula a violência e a baixa auto-estima.
Disciplina: Ensina a ser uma pessoa melhor, desenvolve a auto-estima e a ética. Em resumo, ter autoridade, sem ser autoritário. A autoridade torna-se uma manifestação de amor e afeto quando exercida com equilíbrio. O amor também se demonstra sendo firme no estabelecimento de limites e responsabilidades. Como diz Içami Tiba: Se castigo resolvesse todos os filhos seriam maravilhosos. O que educa é corrigir o erro na base da conseqüência. Se não aprender, tem que aplicar conseqüências. Mostrar o que ele provocou por não ter feito algo. Então vai corrigir pra não fazer outra vez.
É preciso nunca ceder quando uma decisão tiver sido tomada. Os pais não podem jamais se eximir do seu papel de educadores, para essa função não existe férias nem licença, muito pelo contrário, quando a tarefa é educar, deve fazer hora extra se necessário for. Mesmo assim não adianta só falar, é preciso educar pelo exemplo. O educador francês André Bergé, diz que: “Os defeitos dos pais são os pais dos defeitos dos filhos”. É preciso admitir que a maneira como traduzisse o mundo nossas atitudes e noção de valores – ficam marcados em nossos filhos para sempre. Lembram dessa frase? "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço". Com esta, muitos pais repreendem os filhos e tentam ensinar-lhes limites, porém não deixam de continuar praticando seus atos excessivos. Nesse sentido, Içami Tiba também exemplifica: Se o pai vai ultrapassar alguém no trânsito, é ofendido, pode estar certo de que a criança ali atrás já está com ódio do outro.
É isso que ele está ensinando. Daí não adianta dizer que não pode falar mal. Acha que por falar corrigiu o erro? Ele que não fale palavrão, ele que mostre o bom exemplo! Definitivamente EDUCAR não é uma tarefa fácil, tampouco vem em forma de receita de bolo ou bula de remédio. Ninguém descobriu essa fórmula secreta. No entanto, pais têm obrigação de, se não souberem, partirem para aprender sempre. Devem ensinar a seus filhos que direitos vêm acompanhados de deveres e para ser respeitado, deve-se também respeitar. Estas sim, são regras universais insubstituíveis as quais irão garantir uma plena sensação de missão cumprida, com sucesso, no futuro.
Dra. Christiane Lima - Assistente Social, Psicopedagoga e Especialista em Saúde da Família, formada pela Universidade Federal do Maranhão. Atualmente atuando na área de educação e há mais de 10 anos, trabalha na área de saúde junto a adolescentes e gestantes.
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Gostei muito
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