Na Audiência Geral do dia 11 de
novembro, o Papa Francisco disse que “é necessário cuidar da comunicação com
coisas simples, porém eficazes, como conversar durante o jantar”. Fazendo eco
das palavras do Pontífice, penso que fazem um grande mal para si, para os
filhos e para as suas famílias os pais e as mães que espalham televisões por
toda a casa, como se em cada canto tivéssemos de ter esse equipamento bem
disponível, talvez para que o seu ruído abafe o insuportável vazio de sentido
que cada qual traz dentro de si.
O lar há de ser um local de
convivência familiar. “Uma família cujos membros quase nunca fazem as refeições
juntos o que não se conversa na mesa, mas assistem televisão ou usam o
smartphone é uma família ‘pouco família’”, diz o Papa.
É impressionante notar como esses
equipamentos eletrônicos roubam as oportunidades de convivência familiar. Basta
observar, por exemplo, como se comportam as pessoas numa mesa de restaurante.
Mas qual seria o motivo disso?
Um diálogo ou uma conversa entre
várias pessoas, seja numa mesa de refeições, seja numa sala de estar ou mesmo
ao telefone, exige esforço para ouvir e para responder num determinado momento
específico, ainda que não se esteja disposto ou se desejasse fazer outra coisa.
A mensagem eletrônica, ao contrário,
pode ser lida e enviada quando melhor aprouver. Não exige uma interação em
tempo real. Mais ainda, não é necessário fazer boa cara (basta enviar uma
carinha feliz), esforço para sorrir, falar com simpatia etc. Em suma, é muito
mais fácil enviar uma mensagem do que estabelecer um diálogo em tempo real.
Algo de semelhante está por detrás
da decisão de se ter um cachorro ao invés de um filho. Esse exige atenção e
cuidados 24 horas por dia, esteja ou não disposto, quando se está bem ou cansado.
Já o animalzinho, bem alimentado, pode ficar esperando por horas e horas até
que, num dado momento, se dono se dispõe a passear ou brincar com ele. E então
basta um breve aceno para que venha todo satisfeito com o rabinho abanando.
Não temos nada contra animais
domésticos. Bem ao contrário, penso é muito louvável a atitude as pessoas que
optam por tê-los e se dispõem a cuidar deles com desvelo e carinho. Mas é certo
que é muito mais fácil cuidar de um animal doméstico do que dos filhos. Esses
exigem uma luta constante contra o nosso egoísmo, uma abertura de coração para
se doar mesmo quando isso custa muito esforço. Devemos considerar, porém, que o
amor se prova principalmente no sacrifício. E não é feliz quem ainda não
aprendeu a amar.
“Na mesa se fala e se escuta. Nada
de silêncio. Não é o silêncio dos monges, é o silêncio do egoísmo. Cada um fica
com as suas coisas ou com a televisão, com o computador e não se fala. Não!
Nada de silêncio!” disse o Papa. E depois conclui: “Recuperai a convivência familiar!”.
Esse objetivo que o Papa nos propõe
cabe principalmente às mães e aos pais. São eles que devem fomentar um saudável
ambiente familiar. Para isso, deverão se esforçar para construir um ambiente
ameno, prazeroso, onde todos se sintam à vontade. Do contrário, é evidente que
os filhos preferirão os eletrônicos, que por certo não lhes ficam todo tempo
cobrando: “já fez lição?”, “fez isso?”, “terminou aquilo?”.
Uma dica para se programar as
condições que permitem a convivência familiar é estabelecer pequenas regras.
Por exemplo, que durante as refeições não se liga a TV nem se usa o smartphone.
E depois devem ser os pais os primeiros a dar bom exemplo. Um conselho muito
oportuno, que ouvi de uma mãe que teve dezoito filhos, é pensar em algo
interessante para se contar durante as refeições.
Pouco a pouco os filhos
entram na conversa, dizem o que pensam. Vez por outra será necessária uma
intervenção, para que se respeitem as opiniões dos outros. Uns dias brigam,
noutros sorriem. Enfim, entre euforias e tristezas, risos e lamentações, vão se
construindo uma convivência sólida e feliz, apta a forjar mulheres e homens
fortes, destinados e tornar cada dia melhor o mundo em que vivem.
Portal da Família
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