Em
entrevista concedida a “O Estado de São Paulo”, a coordenadora do Programa da
Família das Nações Unidas, Renata Kaczmarska, que esteve no Brasil para
celebrar o 20º Ano Internacional da Família, fez uma declaração interessante.
Indagado a ela se considera o divórcio um problema, respondeu:
É um problema na medida em que tem impacto sobre as crianças.
Um dado comprovado é que os filhos de um casal que se divorciou também têm
grandes chances de se divorciar, talvez por eles não terem tido um bom modelo
de família. E o divórcio também afeta a estabilidade, porque há mais chances de
pobreza quando há só um provedor no lar.
O
ser humano é muito mais que um agente econômico, como também sua dignidade
supera imensamente a simples função econômica que desempenha na sociedade.
Apesar disso, e feita com ênfase essa ressalva, também para o bom desempenho da
economia a estabilidade da família presta a sua enorme contribuição.
Muitos
pais atualmente enfrentam a dificuldade de conciliar a necessária dedicação à
família com o trabalho profissional. Cada vez se exige mais dos trabalhadores.
Ainda que as leis trabalhistas limitem a jornada, as exigências de metas, o afã
de galgar postos melhores, ou mesmo a fuga das demais ocupações fazem que
muitos profissionais dediquem muitas horas ao trabalho, deixando a família, em
especial os filhos, sem a devida atenção.
E
com os pais divorciados a situação se agrava. É inegável que sustentar duas
casas é mais dispendioso. Com isso, pai e mãe deverão ocupar-se ainda mais com
o trabalho, inclusive para conseguir mais recursos, o que por certo os privará
mais ainda de dedicar tempo aos filhos. Além disso, a própria situação de
separação dos pais limita o tempo que se passa com os filhos, especialmente
daquele que não tem a guarda ou com quem eles não passam a maior parte dos
dias.
Mas
não é só o divórcio que tem reflexos negativos na economia. Também as crises
conjugais trazem consequências negativas. Um trabalhador abalado emocionalmente
é um trabalhador que em geral produz pouco e mal. Por isso, também por motivos
pouco “altruístas” as empresas e o Estado deveriam se ocupar mais intensamente
de que pai e mãe sejam felizes no relacionamento conjugal.
Todas
as instituições são formadas por pessoas. E o ser humano não pode ser
segmentado, ou seja, separar a mulher ou o homem que trabalha da sua condição
de mãe, pai, esposa e esposo. A infelicidade conjugal reflete no trabalho e
vice-versa.
Diante
dessa constatação, talvez um grande equívoco seja pensar que, ao contrário do
que ocorre com a preparação profissional, não haveria muito o que se fazer para
se construir sobre bases sólidas a vida conjugal. O sucesso no relacionamento
conjugal não é questão de sorte. Também ele é construído pelo esforço diário,
dedicação, busca de melhora pessoal e também do estudo.
Exige-se
dos pais e mães do nosso tempo que sejam profissionais da educação e também que
encarem o próprio relacionamento com a mesma seriedade – ou mais ainda – com
que se dedicam ao sucesso profissional. E isso não se consegue, no mais das
vezes, com grandes façanhas, mas com pequenos gestos de cada dia, como
lembrar-se de um telefonema para a esposa durante o dia, apenas para dizer que
a ama, ou de fazer uma pequena surpresa que agrade o marido após um dia intenso
de trabalho.
Os
dados que a ONU nos traz já permitem concluir que família faz bem para a
economia. E nós, não tão interessados no êxito econômico, mas na nossa
felicidade e na daqueles que nos sãos próximos, podemos fazer eco dessa
constatação – tão evidente – para dizer que família faz bem para o ser humano e
para a subsistência da própria humanidade.
Diácono Rilvan Stutz
Serviço Social - Família em Ação
Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro
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