EDIFICAÇÃO
Pão e circo. Era a política adotada pelo antigo
império romano. Consistia na distribuição gratuita de pão e no estabelecimento
da diversão através dos jogos nas arenas. Muitos dos nossos irmãos em Cristo
foram mortos trucidados por leões, decapitados, descerebrados, queimados vivos
para deleite da multidão nos circos romanos. Garantida a diversão e a comida.
Os governantes mantinham o povo calado aos seus descalabros.
Pão e circo. Esta também tem sido a estratégia
histórica dos gerentes do Brasil. Ao longo dos governos que se sucedem, pão e
circo têm sido os pilares da política, no que tange a população. O governo Lula
acreditou que ao comprar o direito de organizar a copa do mundo e as
olimpíadas, havia adquirido a tranquilidade do circo até o ano de 2016, já que
as migalhas de pão já abasteciam o estômago dos brasileiros via programas de
bolsas fartamente distribuídos.
Só que esta política tem um prazo de caducidade. E
os mandatários não perceberam que o pavio do barril de pólvora estava tão
curto. Na França esta política chegou ao fim com a explosão da Revolução
Francesa. Conta-se que um dos estopins foi o desdém da imperatriz Maria
Antonieta que, ao ser informado da revolta popular pela falta de pão, mandou
que passassem a comer brioches. A partir daí começou uma série de protestos que
culminaram com a tomada da bastilha e a Revolução que imprimiu no mundo os
ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Não é o governo Lula ou Dilma que são os únicos
responsáveis. A insatisfação toma conta desta nação desde os anos de chumbo, a
frustrada campanha das “Diretas Já”, passando pelo impeachment que tirou um
governo acusado de corrupção e colocou outro tão ou mais corrupto no lugar,
pelo sociólogo progressista que mandou esquecer tudo o que havia escrito antes,
chegando ao metalúrgico de origem humilde que se encantou com os rapapés do
poder e a ex-guerrilheira que se submeteu docemente ao projeto de poder do seu
mentor. Desde o governo de extrema direita de Fernando Collor até o que poderia
ser chamado de ultra-esquerda de Dilma, já tentamos todos os espectros
políticos.
Fato é que pão e circo continuam sendo as
estratégias para os poderosos se manterem no poder e manter a população calada.
Fato é que cada brasileiro trabalha em média cinco meses por ano como escravo
para sustentar um sistema
que só lhe dá pão e circo.
A copa da FIFA representou uma tapa na cara da
população. Equivaleu, como estopim, aos brioches sugeridos por Maria Antonieta.
O aumento das passagens de ônibus em São Paulo foi o fósforo que acendeu um
paiol de indignação acumulada em décadas de descaso, muitas vezes sendo massa
de manobra para sustentar projetos de poder. Aqueles que, vinte anos atrás,
criticavam os excessos da repressão são os mesmos que agora comandam os
excessos da polícia. Os que lutavam pelo direito de greve, são os mesmos que as
reprimem sem demonstrar nenhuma sensibilidade. Por isso, até em cidades onde
não houve aumento de preço dos transportes públicos, a população foi às ruas
clamar por saúde, educação, segurança e, principalmente, respeito.
Nós somos cidadãos dos céus, mas não podemos nos
fazer de surdos ao clamor dos oprimidos. Quando Martin Luther King Júnior
tornou-se líder da marcha pelos direitos civis, ele estava cumprindo em sua
vida as palavras de Cristo que nos chama a lutar pela justiça. Quando os avalistas
do império britânico inspiraram o bloqueio dos navios negreiros, iniciando o
processo de extinção da escravatura no mundo, estavam patrocinando a justiça.
Quando o profeta Isaías escreveu sobre qual o jejum que agrada a Deus, ele
estava pregando a justiça. Estes exemplos devem ser seguidos por nós.
Não estou convocando você a ir a passeatas, creio
que é uma decisão que deve levar em conta cada situação e pessoas envolvidas,
mas não podemos nem devemos nos omitir. Não desejo fazer desse espaço um
palanque, mas sei que ser cristão nunca foi sinônimo de alienação, sempre
significou lutar pela causa dos excluídos. Então lute por esse povo que sofre
com o que estiver ao seu alcance: orar, interceder, protestar, trabalhar,
pregar a Palavra, conscientizar. Mantenha acesa a chama que arde com fome e
sede de justiça e que alimentou homens e mulheres de Deus no passado. Use os
dons e talentos que Ele lhe deu.
Sei que há manipuladores, aproveitadores e todo
tipo de canalhas que estão tentando se beneficiar deste momento. Não se pode
esperar que mais de um milhão de pessoas fosse às ruas no país mais violento do
mundo e não tenham vândalos e marginais infiltrados. Vândalos e marginais que
também são retrato do descaso a que foi relegado este povo.
Sei que tudo isto pode ser o início de um novo
país. Também sei que tem grande possibilidade de dar em nada, como outras
manifestações ao longo da nossa história. Mas uma coisa não pode ser negada, a
legitimidade da insatisfação popular que tem levado milhões a sair da segurança
de sua casa para correr o risco de exigir um país melhor.
Chega de pão e circo.
Holdings - Tel Aviv - Jafra - Israel
O Blog " A Serviço do Senhor "
Diác. Rilvan Stutz - "O Servo com Cristo "
GospelPrime - Colunista Pr.
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